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2/12/2012

TDA/H e problemas conjugais



TDA/H e problemas conjugais

 “Amor, você está me ouvindo?”
 “Ah, o que foi que você disse? Desculpe estava distraído...”.
Está instalada a discussão que pode incluir acusações como “você nunca me escuta”, “nada do que eu falo é importante para você”, “você não se importa comigo”, “você não me ama mais”.
Seu marido se esquece do seu aniversário de casamento ou de lhe trazer a encomenda que você pediu do supermercado, mesmo que você tenha ligado para lembrá-lo? Se isto é freqüente no dia-a-dia é bom observar a causa deste esquecimento. Problemas com atenção podem resultar em incompreensão e mal entendidos em muitos adultos com TDA/H (Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade. A causa pode ser um simples esquecimento, uma distração qualquer, cansaço, preocupação momentânea, estresse ou até uma recusa, mas se essa condição for freqüente ou comum, seu cônjuge pode ser um portador de TDA/H.
“Amor, esqueci de lhe contar, de novo, deixei o Joãozinho me esperando na porta da escola”. “ah!... outra coisa, amor... perdi meu celular no banheiro do shopping”.
“Você não tem jeito mesmo, qualquer hora você vai perder a cabeça. E a minha camisa você buscou? Qual camisa?’’
Pronto, se instalou a confusão.
Você pediu para o seu marido colocar o lixo na rua e ele se esqueceu porque no caminho distraiu e se lembrou de dar ração para o cachorro.
Sua esposa é desligada, no mundo da lua, esquece o feijão no fogo, da reunião na escola do filho, de pagar uma conta que você lhe pediu, nunca sabe onde deixou a chave da porta, está sempre distraída?
O Deficit de Atenção e Hiperatividade caracteriza-se pela falta de perseverança nas atividades que exigem um envolvimento cognitivo e por uma tendência a passar de uma atividade para outra sem acabar nenhuma, associadas a uma atividade global desorganizada, descoordenada e excessiva
Muitas vezes, os parceiros de pessoas diagnosticadas com TDA/H percebe o seu cônjuge com dificuldades de escutar e atender pedidos ou até com incapacidade de honrar compromissos e faz a idéia de que seu parceiro seja displicente, indiferente, irresponsável, não colaborador, folgado ou desinteressado.
Por outro lado, se você é o cônjuge portador de TDA/H, você pode não entender por que o seu parceiro está sentido ou chateado com você e achar que tudo não passa de incompreensão, intolerância, implicância ou hostilidade.
Se em casamentos no qual nenhum dos dois é portador de TDA/H a dificuldade de comunicação é um problema comum, imagine quando o marido ou a esposa simplesmente não consegue prestar atenção ao que o outro diz por muito tempo.
 “Amor, você está me ouvindo?
 “Ah, o que é? Desculpe estava distraído...”.
Quem não ficaria chateado se o parceiro se esquecesse sempre dos compromissos, datas, aniversários e mesmo do seu prato predileto?
No caso, do portador deste Transtorno, não se trata de falta de interesse ou descaso, mas, sim, de uma deficiência, com explicações biológicas.
Inúmeros estudos científicos já demonstraram que o TDA/H sofre forte influência genética e está relacionado a uma alteração de neurotransmissores em determinadas regiões cerebrais, sobretudo daquelas responsáveis por funções executivas (Lóbolo Frontal) responsável por atividades de planejamento, organização, manejo do tempo, memória, capacidade de pensar antes de agir, controle das emoções, etc. O objetivo fundamental das funções executivas é fazer com que o indivíduo tome decisões acertadas tenha iniciativa, atitude e motivação para atingir os objetivos planejados.
Se para os parceiros a convivência com  o portador de TDA/H  é desconfortável, para os portadores a situação também não é simples. Eles fazem um esforço sobre-humano para vencerem suas limitações e freqüentemente se sentem frustrados e deprimidos por não conseguirem corresponder às expectativas do parceiro.
O adulto TDA/H carece de compreensão e tratamento para adquirir recursos que o ajudem a se lembrar das coisas. Pressão e critica agravam ainda mais suas dificuldades. Paciência e flexibilidade são atitudes essenciais para quem é parceiro de um porador de TDA/H.

                           Dra Edna Paciência Vietta
                                  Psicóloga Clínica

TDA/H: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TDA/H



TDA/H: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TDA/H

O Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) foi descrito pela primeira vez, em 1902, e recebeu posteriormente, diversas denominações. As mais conhecidas foram: Síndrome da criança Hiperativa, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral mínima, transtorno hipercinético.
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como hiperativas, desligadas, "avoadas", tumultuam a sala de aula, não se concentram na leitura, vivem no mundo da lua. Têm grandes dificuldades de fazer os deveres de casa sozinha, se distraem com facilidade, dão muito trabalho na escola, fazendo desses momentos verdadeiras batalhas entre mãe e filho. .No entanto, quando estão fazendo algo que é do seu interesse, como ver TV, jogar videogame, etc., são capazes de ficar  hiper-concentradas, a ponto de não escutarem quando são chamadas. Em geral são muito desorganizadas com seus pertences e na maneira como tentam fazer as coisas. Por isso estão freqüentemente perdendo objetos, como lápis, livros.
Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites. Inicialmente  pensava-se que o TDA/H era uma disfunção da infância. Com o desenvolvimeno das pesquisas e observações na prática clínica, consatou-se a permanência dos sinomas na Adolescência e na vida adulta.
Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho. São pessoas inquietas (que só relaxam dormindo), nunca acabam o que começam, vivem mudando de emprego, de interesses e atividades, não se detendo em  nenhuma delas. Apresentam dificuldades em avaliar seu próprio comportamento e o quanto isto afeta os demais à sua volta. A pessoa deve apresentar essas características constantemente, como um padrão de comportamento. Quem convive com essas pessoas costumam dizer que elas sempre se comportaram assim
Para confirmação deste diagnóstico é imprescindível a avaliação de especialistas.
Para se falar em Déficit de Atenção é necessário que esses sintomas tenham aparecido desde a infância. Quer dizer, se alguém passou a apresentar essas características depois de adolescente ou adulto, não se trata de Déficit de Atenção, mas provavelmente de algum outro transtorno.
No adulto, o tratamento medicamentoso associado à abordagem psicoterápica cognitivo-comportamental, a aprendizagem de estratégias para se organizar e outros recursos, ajudam a controlar o transtorno.
Na criança, o tratamento é mais complexo e envolve freqüentemente equipe multidisciplinar com aplicação de medidas pedagógicas e comportamentais.
A história de vida dos adultos com TDA  é marcada por insucessos acumulados ao longo dos anos. Mau desempenho na escola, repetência, suspensões, problemas no trabalho e na organização das atividades, dificuldade na escolha da profissão, conflitos conjugais, separação. A longo prazo,  gera  sentimentos de fracasso, baixa auto-estima e dificuldades para lidar com situações do dia-a-dia.
É típico do TDAH estar associado a outras doenças ou seja, a presença de comorbidades. Isso torna o diagnóstico mais complexo. O adulto chega no consultório com queixas de Fobias específicas, Fobia Social, Pânico, Depressão. Geralmente já foi medicado pela comorbidade.
Nas crianças, além da ansiedade, aparecem os transtornos de conduta que não decorrem só da distração. São comuns as dificuldades de aprendizado específicas como dislexia (dificuldade para compreender o que lê), disgrafia (dificuldade para escrever), discalculia (dificuldade para fazer cálculos).
Nos adolescentes, o problema maior é a tendência ao abuso de drogas. Não existe uma explicação clara para o fato. Os estudos mostram, porém, que a partir da adolescência o uso de drogas nos portadores de TDAH é mais freqüente se comparados com os indivíduos sadios.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta