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5/13/2013

Fim de um relacionamento amoroso: e agora?

                               
 


Fim de um relacionamento amoroso: e agora?

O fim de um relacionamento amoroso é um processo de luto, aliás, toda separação ou perda envolve luto e necessita de tempo para elaboração. Quando uma relação chega ao fim, é impossível não haver sofrimento, dor, angústia e/ou culpa. O vazio e o sentimento de desamparo e/ou solidão são realidades impossíveis de se livrar durante algum tempo após a perda. Esse tempo é relativo, depende de vários fatores: tempo de investimento na pessoa perdida, sentimentos envolvidos na relação, tempo de relacionamento, tipo de vínculo estabelecido, motivos que levaram a separação, nível de dependência, etc. É um tempo de alternância de sentimentos, ódio, raiva, negação, desejo de vingança, ciúme, vontade de retomar, de ter de volta o que se perdeu, arrependimento, lembranças de bons e maus momentos, erros e acertos, oportunidades e alternativas e de questionamentos.
Para algumas pessoas o tempo de superação pode ser mais longo e requerer um tempo maior, pela dificuldade em se desapegar, medo da solidão de viver sem a presença do outro, não suportar a frustração, por se sentir derrotada. Fica ruminando lembranças, buscando entender as causas, o porquê, ou o que levou o outro a rejeitá-la. 
Elizabeth Kubler Ross, estudando a morte e a forma como os pacientes reagiam diante de doenças terminais chegou a cinco fases pelas quais uma pessoa passa no processo do luto. Na verdade, a separação amorosa, assim como qualquer perda, certamente envolve as mesmas fases de luto: Negação, Raiva, Barganha, Depressão e Aceitação, as quais tentaremos transpô-las na situação de perdas amorosa ou afetivas, fruto não do conhecimento empírico, senão de nossa observação clínica.
Assim, no caso de separação amorosa na fase de Negação a perda da pessoa amada parece ainda não ter acontecido de fato, é como se a ficha ainda não houvesse caído, há ainda a possibilidade de uma reversão, tudo pode voltar a ser como antes. A coragem ainda persiste, a pessoa pode até chorar, mas ainda existe esperança. “Nem tudo está perdido”. Aos poucos, a fase da Raiva começa a se instalar progressivamente e vai se intensificando, com ela o medo de que a separação realmente possa se concretizar ou esta se concretizando, portanto, é preciso tomar algumas providências. Essa Raiva vem acompanhada da necessidade de acusar a outra pessoa ou quem quer que tenha surgido como justificativa para o término da relação. Nesta fase a pessoa passa a exigir explicações, não admite indiferença, embora tal iniciativa provoque fugas e silêncio. Desafios, provocação e atitudes de despeito, ciúme, possessão e revolta são freqüentes, atitudes como, devolução de alianças, presentes, fotos, cartas ou emails, recados ou insinuações pelo facebook (atualmente muito em voga), agressões verbais e físicas. Após esta fase cheia de conflitos, entra-se na fase da Barganha, já que a fase anterior não surtiu resultados, mas complicações, desgastes e distanciamentos, é hora de correr atrás do prejuízo, mudar de táticas, adotar alternativas mais brandas, rever posições, adotar outras estratégias, acalmar os ânimos, buscar ajuda em Deus, padres, pastores, psicólogos, amigos, familiares, pai de santo, cartomante, etc. A pessoa tenta fazer acordos para ter de volta o relacionamento, é quando promete mudanças, reflexões, compreensão, submissão, aceitação, enfim é o momento de fazer qualquer coisa para ter de volta o que se perdeu. Nessa fase a pessoa fica mais gentil, mais dócil, amiga, pronta para perdoar. Caso, esses recursos falhem instala-se a Melancolia ou Depressão. Esta fase traz em si a derrota, a culpa, auto-acusação, o sentimento de despeito, apatia, perda de identidade, pois o Ideal do Ego não aceita a derrota e massacra o Ego dizendo "a culpa é sua". Se a pessoa conseguir passar pelas fases de modo saudável poderá chegar à fase de aceitação da perda. Esta se dá quando a pessoa busca ajuda a tempo de reconhecer seus verdadeiros sentimentos, seus valores, buscando forças para manter e preservar sua dignidade e autonomia, Este recurso deve ser buscado à medida que a pessoa percebe que sua auto-estima está em baixa e que não está conseguindo elaborar a perda sozinha. Quanto mais tempo a pessoa demorar em buscar ajuda, mais difícil se tornará a superação deste problema.

Profa. Dra Edna Paciência Vietta
            Psicóloga Clínica

5/12/2013


Psicóloga - Ribeirão Preto

Psicóloga - Ribeirão Preto
12/05/13
Reestruturação Cognitiva e formas idiossincráticas de processar informações
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se caracteriza por ser uma abordagem focal, breve, eficaz, objetiva e empírica. Tem se demonstrado eficaz e amplamente indicada em casos de Depressão, Transtornos de Ansiedade Generalizada, Transtorno do Pânico, Transtorno Obsessivo-compulsivo, Fobia Social, Obesidade, entre outros.
A TCC também se provou eficaz no tratamento de Transtorno Bipolar, TDAH aliado a medicação, Anorexia Nervosa, Transtorno Disfórico corporal, colecionismo patológico, jogo patológico, como apoio psicológico em doenças coronarianas, câncer, enxaqueca, dor crônica, artrite reumatóide, síndrome da fadiga crônica, TPM, Síndrome do cólon irritável, Psoríase, etc.
Mais recentemente, têm sido publicadas evidências de que a terapia cognitiva pode ser um eficiente complemento no tratamento de sintomas da esquizofrenia. Um artigo recentemente publicado na Archives of General Psychiatry, por exemplo, traz o relato de um estudo randomizado onde uma intervenção de 18 meses indicou evidências de maior eficácia no tratamento da esquizofrenia. Trata-se, portanto, de um sistema de psicoterapia embasado por evidências de diversos estudos cientificamente controlados.
O cognitivismo baseia-se na hipótese de vulnerabilidade cognitiva como um modelo de transtorno emocional. Vulnerabilidade cognitiva refere-se à tendência de certos indivíduos de cometer distorções sistemáticas ao processar informações, distorções que os predispõem a transtornos emocionais.
A Terapia Cognitivo-Comportamental reinterpreta os elementos que geram emoção negativa. Tem como princípio básico de que não é a situação que determina as emoções e comportamentos de um indivíduo, mas sim a interpretação que o indivíduo dá a respeito dessa situação, as quais refletem formas idiossincráticas de processar informação.
Ao longo de nossas histórias de vida, formamos diferentes estruturas de significado (esquemas) que por sua vez influenciarão a maneira como interpretaremos a realidade e formaremos novos esquemas. A terapia cognitiva afirma que os esquemas disfuncionais resultantes desta história de vida são comuns a todos os transtornos mentais e que a modificação destes esquemas costuma resultar em mudanças de humor e de comportamento das pessoas.
O modelo cognitivo pressupõe, portanto, que a maioria dos transtornos psicológicos, tem origem na forma distorcida que cada um percebe os acontecimentos, sendo que essa influencia o afeto e o comportamento da pessoa. O que não significa que sejam os pensamentos que causam os problemas e sim que eles modulam e mantêm emoções disfuncionais que independem de sua origem. (RANGÉ, 2001).
Segundo Beck, a interpretação que cada um faz dos fatos se baseia na história de vida de cada um, nas suas experiências e vivências, assim como as crenças que temos a respeito de nós mesmos, sobre o mundo e os outros, determinando o nosso modo de pensar e agir (BECK, 1997).
A terapia trabalha com três níveis de pensamento: o pensamento automático, as crenças intermediárias ou subjacentes e as crenças centrais.
Os pensamentos automáticos são espontâneos e fluem em nossa mente a partir dos acontecimentos do dia-a-dia, independente de deliberação ou raciocínio. Podem ser ativados por  eventos externos e internos, aparecem na forma verbal ou imagem mental. É o nível mais superficial da nossa cognição. São idéias e conceitos a respeito de nós mesmos, das pessoas e do mundo. São aceitas passivamente, sem grandes questionamentos, são mantidas e reforçadas sistematicamente (RANGÉ, 2001).
As crenças intermediárias correspondem ao segundo nível de pensamento e não são diretamente relacionadas às situações, ocorrendo sob a forma de suposições ou regras. Derivam e reforçam as crenças centrais.
As crenças centrais constituem o nível mais profundo da estrutura cognitiva e são compostas por idéias absolutistas, rígidas e globais que um indivíduo tem sobre si mesmo.
As crenças nucleares são nossas idéias e conceitos mais enraizados e cristalizados acerca de nós mesmo, dos outros e do mundo, são constituídas desde as nossas experiências ainda na infância e se solidificam e se fortalecem ao longo da vida, moldando desta maneira o jeito de ser e agir do ser humano. O que não é modificado ou corrigido em fase desadaptativa, tratando-se de crenças disfuncionais, podendo chegar à fase adulta como verdades absolutas (KNAPP. 2004).
A Reestruturação cognitiva refere-se à reformulação do sistema de esquemas e crenças do paciente através da intervenção clínica que, entre outras técnicas, utiliza-se do questionamento socrático a fim de desafiar esquemas e crenças disfuncionais, os quais, ao longo do  desenvolvimento do paciente, tornaram-se rígidos e super-generalizados.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Ribeirão Preto

4/30/2013

Ansiedade: reação de luta-ou-fuga





                           Ansiedade: reação de luta-ou-fuga

                                           Ansiedade: reação de luta-ou-fuga



                                     Ansiedade: reação de luta-ou-fuga
             “A minha vida tem sido repleta de terríveis infortúnios, mas a maioria nunca aconteceu” (Montaigne)                                                                                                                  
Todos nós, indistintamente, já experimentamos algum nível de Ansiedade. A Ansiedade é um estado psíquico de apreensão ou medo devido à antecipação de uma situação desagradável ou mesmo perigosa. É uma reação do organismo ao perigo ou ameaça que pode nunca ocorrer e que, na grande maioria das vezes, não acontece. A Ansiedade é um problema psicológico que se traduz por um sentimento de insegurança, ou, medo sem fundamento real. Na Ansiedade, o nível de medo não é determinado pela situação em si, mas pela interpretação que se faz dela e é algo muito mais grave do que estar sujeito às preocupações do cotidiano. Esta característica biológica ou estado emocional acompanha o ser humano ao longo de sua evolução e está muito presente no nosso dia-a-dia como também estive na vida de nossos antepassados, hoje, talvez um pouco mais acentuada pelas rápidas intensas e transformações da sociedade contemporânea.
Este estado afetivo caracterizado por um sentimento de insegurança; é um desejo ardente, uma aflição, uma incerteza em relação ao amanhã. É a sensação, às vezes, vaga de que algo desagradável está por acontecer.
Se o ser humano ganhasse um centavo cada vez que sentisse que algo ruim fosse lhe acontecer (quando na grande maioria das vezes, pode não acontecer, sobretudo, da forma imaginada), provavelmente estaria em boa situação financeira. Na verdade, o que acontece como conseqüência de suas ansiedades é que o ansioso não recebe tais moedas, mas uma importância muito grande de sofrimento inútil. 
Cientificamente, Ansiedade é definida como reação de luta-ou-fuga. Ela pode manifestar-se das mais diversas formas como, tonteiras, vista turva, dormência ou formigamento, tensão muscular, falta de ar, fadiga, dilatação das pupilas, aceleração dos batimentos cardíacos, dilatação dos brônquios e musculatura enrijecida, insônia, confusão mental, vertigem, arrepios, transpiração excessiva, mãos úmidas, boca seca, tremores, dores pelo corpo, dificuldade em relaxar, vômitos, sensações de sufocamento ou asfixia, sensação de morte iminente, medo de enlouquecer, de perder o controle. Pode ainda, se manifestar através de somatizações, ou seja, o ansioso pode converter a ansiedade em problemas físicos, incluindo dores de cabeça, distúrbios intestinais, taquicardia, hipertensão, dores difusas pelo corpo, alergias, etc. Pessoas ansiosas queixam-se freqüentemente de distração, falta de memória e de concentração.
Ansiedade se traduz por pressa, ânsia por movimento, inquietação interior, aflição do corpo, para que aquilo que estiver acontecendo ou que se suspeita acontecer, seja logo concluído. A Ansiedade é o desejo de acabar logo, de terminar, de cessar a sensação física e psíquica do contacto com a realidade, nessa perspectiva esse desejo acaba sendo o representante do instinto de morte.
A Ansiedade não é algo que se possa nomear claramente como a raiva, a tristeza, a inveja ou ciúme. Esses sentimentos são claramente nomeados por nós, enquanto a ansiedade é sempre nebulosa, isto é, é percebida como algo desconfortável, ameaçador, embora sua função primordial seja nos preparar e proteger contra perigos reais e imaginários.
Na dose certa, o sentimento de Ansiedade pode ser positivo. O ser humano precisa de desafios para se desenvolver, precisa aprender a viver com níveis de ansiedade suficientes para atingir o nível mais alto do seu potencial.
A Ansiedade dentro de certos limites é natural e útil, uma vez que constitui um valioso recurso adaptativo e incita as pessoas a procurar e encontrar soluções positivas. Neste sentido é uma poderosa fonte de ação e evolução do próprio indivíduo. É um mecanismo que aumenta a probabilidade duma resposta apropriada ao perigo: a resposta “luta-ou-fuga”. Assim, certa dose de ansiedade é normal, até mesmo, benéfica.
A Ansiedade anormal ou patológica é uma resposta inadequada a determinado estímulo, em virtude de sua intensidade ou duração. Diferentemente da Ansiedade normal, a patológica paralisa o indivíduo, traz prejuízo ao seu bem-estar e ao seu desempenho.
Os principais Distúrbios de Ansiedade são: Ansiedade generalizada, Ansiedade induzida por drogas ou problemas clínicos, Síndrome do Pânico, Distúrbios Fóbicos (Agorafobia, Fobia social, Fobia generalizada etc.), Transtorno Obsessivo-compulsivo.
Aprender a lidar com Ansiedade é fundamental para garantir vida saudável.
               Profa Dra Edna Paciência Vietta
                            Psicóloga Clínica



Equilíbrio emocional: a chave para o sucesso


                                     
                            
                                   Equilíbrio emocional: a chave para o sucesso.  
   
Sossego, tolerância, paciência, calma e confiança são condições sempre em falta naqueles que apresentam problemas e que procuram ajuda psicológica. Dificilmente um paciente que procura ajuda emocional não reclama da falta que estas condições lhe causam no relacionamento familiar, profissional e social. “As queixas constantes são manifestadas por frases do tipo: “Não consigo tolerar meu marido”. “Não suporto trabalhar com o meu chefe”, “não tenho paciência com meu filho”; “Vivo estressado”, “Não tenho paciência com minha sogra”. “Estou prestes a perder meu emprego por falta de controle”.
Embora se coloquem como a causa e admitam a falta dessas virtudes, acreditam que o problema está sempre no outro, no marido, no filho, no chefe, na sogra, no vizinho, enfim, fora dela, nas coisas, pessoas ou situações. É lógico que o problema pode estar também na forma de reagir e se comportar do outro, mas é preciso refletir o que em nós produz a reação no outro. Na verdade, nossa paz interior depende primeiramente do conhecimento que temos dos nossos próprios valores, crenças, sentimentos e emoções, ou seja, da relação do sujeito com ele mesmo.
Equilíbrio emocional, tolerância, bom senso, nos levam a melhor entendimento. Agir com calma é agir com sabedoria. Tolerância sem bom senso pode ser um risco.
Segundo Leonardo Boff “Tudo tem limites, também a tolerância, pois nem tudo vale neste mundo... Há situações em que a tolerância significa cumplicidade com o crime, omissão culposa, insensibilidade ética ou comodismo”.
É preciso avaliar com inteligência quando uma situação pede intervenção imediata e firmeza ou, quando uma situação pode ser resolvida de maneira mais serena e tranqüila. Isto não quer dizer que devemos estar sempre em posição estável ou indiferente diante de circunstâncias desfavoráveis ou adversas, que o melhor é permanecermos na zona de conforto. Não significa que devemos nos conformar com tudo em nome da tolerância e paciência..
Por outro lado, a conseqüência da falta de calma é uma mente agitada, ansiosa, inquieta. É lógico que, às vezes, temos que agir rápido para darmos conta de responsabilidades ou até mesmo para salvar vidas, mas agir com rapidez não é o mesmo que agir com pressa. A rapidez é ágil, a pressa é afobação, precipitação.
A Bíblia, diz em Isaías 30: 15 “.. na quietude e confiança reside vossa força...”.
 É na quietude e na calma interior que conhecemos as grandes verdades da vida.
A grande verdade é que o equilíbrio emocional é extremamente importante para tomarmos decisões acertadas na nossa vida. O nosso equilíbrio emocional dependente do conhecimento que temos dos nossos estados internos e da influência que estes têm sobre os nossos pensamentos, comportamentos e atitudes. 
O homem pós-moderno tem sido estimulado emocionalmente mais do que qualquer outro da história humana, e em conseqüência disso, sua mente anda muito agitada e inquieta. O homem tem perdido a calma por muito pouco. Por motivos banais tem se tornado violento.
“A excitação constante do sistema nervoso tem produzido pessoas extremamente “apressadas”, “inquietas”, “intolerantes”, impacientes” e “ansiosas”.
A relação entre o equilíbrio emocional e o sucesso está em saber lidar com as emoções nos diversos âmbitos da vida: afetiva, social, familiar, profissional e até mesmo financeira.
Estudos desenvolvidos nas universidades de Harvard, de Stanford e na Fundação Carnegie revelam que “15% das razões pelas quais alguém conquista um emprego, mantêm-se nele ou consegue uma promoção é determinado pela sua qualificação técnica. Nos demais 85% dependem diretamente do equilíbrio emocional – da habilidade para comunicar-se e relacionar-se com os outros, de manter-se calmo, ter tolerância, segurança, etc.” Especialmente nas empresas em que o ambiente se caracteriza por pressão e resultados, competitividade, convivência com diversidade e segurança, torna-se imprescindível saber administrar emoções.
Manter o controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo, consiste basicamente em saber lidar com as emoções. É enfrentar com tolerância os erros alheios e superar fatos imprevistos e/ou indesejáveis. É suportar as dificuldades de toda ordem e não perder a capacidade de confrontá-las e resolvê-las com sabedoria e tranquilidade. É a capacidade de ser perseverante, saber esperar o momento certo para tomar decisões, saber administrar a ansiedade, buscando o controle, o equilíbrio e a paz interior.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
             Psicóloga Clínica


                   

4/21/2013

Estresse: na perspectiva do mundo Pós-moderno


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                                                      Estresse: na perspectiva do mundo pós-moderno.

  O ser humano sempre teve que assegurar sua própria sobrevivência, lutando ou fugindo dos perigos iminentes. Nos primórdios da humanidade o ser humano lutava contra os predadores e os perigos provocados por eventos da natureza: tempestades, furacões, e outros acontecimentos imprevistos.  Na vida moderna nossa sobrevivência continua sendo uma luta diária.
 O mundo muda ao longo dos séculos, embora semelhantes, as causas do estresse continuam as mesmas, persistindo como condição de enfrentamento intrínseco e natural da humanidade. O bombardeio de informações, a violência urbana, as drogas, as desigualdades sociais, as doenças, os conflitos, as guerras, tudo leva ao universo do estresse. Até bem pouco tempo, a humanidade vivia sem o recurso do fax, do telefone celular, do computador, da internet. De repente, o homem se dá conta das transformações ocorridas e se surpreende a cada dia, tendo que se adaptar às novas condições de vida. Há uma maior exigência interna e externa para a adaptação do ser humano às condições da vida atual.
A necessidade de conseguir mais dinheiro, atingir níveis de conforto e status social elevado, conquistar e manter-se num bom emprego, prover a família com bens materiais estimulado pela mídia, competir por melhores oportunidades profissionais, viver a maior parte do dia no trabalho e longe da família, alimentar-se de forma irregular e desequilibrada são apenas alguns fatores que certamente colaboram para o estresse no mundo contemporâneo.
A evolução tecnológica e científica mudou também o estilo de vida do homem moderno, impondo-lhe novas atitudes e comportamentos. Difícil é saber até que ponto e, em que sentido esta evolução contribuiu para melhorar ou piorar a qualidade de vida do homem na terra, embora se cogite que, dificuldades ou aspectos negativos possam ocorrer por conta da forma como o homem se utiliza destas conquistas.
De outra perspectiva, sem nenhum pessimismo, mas numa visão crítica, sabe-se que o crescimento econômico, alicerçado no consumismo e na competição desenfreada gerou muitas frustrações, fracassos, mal-estar social, vazio existencial, enquanto o sofrimento humano gerou na pós-modernidade novas formas de patologias psíquicas de âmbito mundial; a Anorexia Nervosa, a Bulimia, as Fobias, o Pânico, Alzheimer, só para citar algumas. A compulsão por compras, por exemplo, tornou-se uma forma de completude entre a ameaça do esvaziamento interior, a falta de sentido de vida, a angústia, a depressão, enquanto a competição gerou insegurança, medos, fobias, dependências, alcoolismo.
A sobrecarga de agentes estressores pode ser considerada importante fator para o mal-estar da civilização moderna. Essa sobrecarga é um estado no qual as exigências do ambiente excedem às nossas capacidades de adaptação. Acresce-se ainda, a urgência de tempo para execução de tarefas, responsabilidades e preocupações excessivas além dos problemas do dia-a-dia, também assoberbados pela vida moderna. Estes últimos, relacionados à falta de segurança e estabilidade, com repercussão nas relações familiares, educação dos filhos (preocupação com violência e drogas) e a falta de descanso e lazer. A falta de estímulo, o sentimento de inutilidade, a falta de sentido de vida, a solidão, o isolamento, a rotina, também podem resultar em estresse.
O estresse não se manifesta com a mesma intensidade para todas as pessoas, ele se instala com manifestações que podem variar de leves, moderadas ou intensas, dependendo do tipo, intensidade, freqüência da exposição ao fator estressante e das diferenças individuais.
Para que um evento se torne estressante é necessário que o mesmo, seja percebido como tal. Assim, o modo de ser de uma pessoa, seu estilo de vida, suas crenças e valores, seus hábitos, sua personalidade, interferem na eclosão e intensidade do estresse.
Dependendo da intensidade, o estresse pode causar grande sofrimento e provocar desgaste físico e mental, deterioração e envelhecimento precoce, interferir na imunidade do organismo predispondo-o a doenças ou agravando condições de enfermidades já instaladas.
Perturbações psicossomáticas, desencadeadas nestas condições como, enxaqueca, fibromialgia, hipertensão essencial, úlcera duodenal, obesidade, artrite reumatóide, doença coronariana, e outros sintomas como: diarréia, taquicardia, falta de ar, cansaço, insônia, dificuldades de concentração, dificuldades sexuais, podem ser consideradas como produtos deste fantasma do mundo moderno, quando avaliações médicas criteriosas e exames clínicos, não forem suficientes para determinar sua etiologia.
                          Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                      Psicóloga Clínica

4/06/2013

Maconha: uma droga nada inocente




   


                                       Maconha uma droga nada inocente

O abuso das drogas vem aumentando significantemente desde a metade do século XIX, causando grande mal à humanidade. Várias são as razões que explicam este fenômeno: fácil acesso às drogas, expansão das comunicações, fatores socioeconômicos, migração, rápida urbanização e mudanças de atitudes e valores na sociedade (Vilela, 2011).
Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de alterar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. Uma droga não é por si só boa ou má. Existem substâncias que são usadas com a finalidade de produzir efeitos benéficos, como tratamento de doenças, e são consideradas medicamentos (SENAD, 2011).
Drogas Lícitas: são aquelas comercializadas de forma legal, podendo ou não estar submetidas a algum tipo de restrição. Como por exemplo, álcool (proibido para menores de 18 anos) e alguns medicamentos que só podem ser adquiridos por meio de prescrição médica especial.
Drogas Ilícitas é qualquer substância proibida por lei. O consumo de drogas ilícitas vem crescendo absurdamente nos últimos anos e tornou-se motivo de preocupação constante da sociedade brasileira.
A adolescência é um período marcado por inúmeras transformações e conquistas importantes. No entanto, fatores como o uso de drogas podem transformar o adolescente em um adulto problemático com seqüelas irreversíveis para o desenvolvimento de sua vida futura. O consumo de drogas nesta fase pode trazer sérias conseqüências físicas e/ou psíquicas para o desenvolvimento, como déficits cognitivos, problemas físicos, envolvimento em acidentes e infrações, dificuldades nos estudos, permanência no emprego, ociosidade, etc.
Segundo Silva e Matos (2004), a falta de relações afetivas genuínas e de apoio familiar, a pressão do grupo, a violência doméstica, familiares dependentes químicos, baixa autoestima. Acrescentaríamos nesta lista: o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção), TB (Transtorno de Humor Bipolar) como fatores de risco para uso e dependência de substâncias. Inúmeros outros fatores podem ter influências.
A droga mais popular e presente no universo adolescente é a maconha. Pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) revela que 01 em cada 10 adolescentes que usa maconha é dependente e mais de 60% dos usuários experimentou a substância antes de 18 anos.
A maconha não é uma droga inocente como muitos jovens imaginam, ela é um alucinógeno, uma droga psicoativa perturbadora do sistema nervoso central. Um gatilho para o desenvolvimento de psicopatologias psiquiátricas como Esquizofrenia Transtorno Bipolar, Fobia Social, Pânico, etc.
A maconha vem sendo usada inadvertidamente há séculos, em função principalmente de suas propriedades sedativas e da capacidade de induzir sensações de bem-estar, relaxamento. Uma série de estudos indica que a potência negativa desta droga vem aumentando e, com isso, causando maiores prejuízos à saúde mental daqueles que a consomem (UNODC, 2012).
 A maconha é a substância proibida por lei mais usada em nosso país. Cerca de 1,5 milhões de adolescentes e adultos usam maconha diariamente no Brasil. O dado faz parte do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD).
Estudo apresentado em 2012, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 3,4 milhões de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga no último ano e 8 milhões já experimentaram maconha. Estes dados parecem sugerir que a disponibilidade da maconha esteja crescendo, inclusive entre os jovens, que vem utilizando esta substância de forma compulsiva, não obstante seus efeitos nocivos à saúde.
A forma mais comum de consumo de maconha é o fumo. Eventualmente, pode ser misturada a chás e alimentos, misturados com tabaco, cocaína ou crack.
Fumar maconha produz mudanças bastante rápidas no humor, percepção de tempo, memória e outros aspectos da função cerebral. Os efeitos mais desejados por seus usuários são: sensação de euforia, relaxamento e bem-estar geral. (Washton & Zweben, 2009). No entanto, nem todos os efeitos da maconha são agradáveis. Ansiedade, apatia, comer compulsivo (larica), embotamento, sonolência, disforia, isolamento, persecutoriedade, só para citar alguns, são os efeitos indesejáveis mais comuns. Sintomas psicóticos, paranóia, delírios e alucinações, também podem ocorrer com o uso de altas doses (Figlie et al. 2010). Tenho observado na clínica que a maconha, (embora se negue) vicia sim, além de ser uma porta para uso de outras drogas mais pesadas. 

                Profa Dra Edna Paciência Vietta
                            Psicóloga Clínica

3/03/2013

O Equilíbrio está no meio termo


                                                      O Equilíbrio está no meio termo
                                   
“A principal  coisa na vida é não ter medo de ser humano” ( Pablo Casals)

O psiquiatra argentino Hugo Marietán define a pessoa perfeccionista como aquela que se esforça para melhorar o êxito de seu objetivo seguindo um padrão ideal. São pessoas que tendem dar importância exagerada a tudo e nunca se sentem satisfeitas. Ocupam-se mais do que necessário em pequenas tarefas e tendem a ficar com a sensação de que poderiam ter feito ainda melhor.
Se você for um perfeccionista, é provável que você  tenha aprendido cedo na vida que as pessoas  sempre a avaliariam pelo quanto você realizaria ou conseguisse. Em conseqüência disso, você pode ter aprendido a avaliar-se somente na base da aprovação das outras pessoas. Assim sua auto-estima pode estar sendo baseada primeiramente em padrões externos. Isto pode deixá-la vulnerável e excessivamente sensível às opiniões e as criticas dos outros. Na tentativa de  proteger-se de tal criticismo, você pode decidir que ser perfeito é sua única defesa.
O perfeccionismo ao qual nos referimos é aquele que nos desgasta, levando-nos a uma série de problemas em nível pessoal, conjugal, social, profissional, etc. está relacionado a arrogância e ao medo de errar, ou seja, para o perfeccionista tudo deve ser perfeito, ele não admite erro,  mudanças. Geralmente, defende sua posição analisando somente a dicotomia perfeição-displicência. É 8 ou 80. Sim ou não. Para o perfeccionista não tem meio termo. É tudo ou nada. Não raro, está mais preocupado em manter as aparências, em se mostrar superior. Nesta conotação o perfeccionista jamais admitirá que sua verdadeira preocupação seja com a opinião alheia, há um medo de que suas falhas sejam expostas, de que descubram que ele é tão normal quanto qualquer ser humano. O ideal é encontrar um equilíbrio.
Segundo Gordon L. Flett, professor de psicologia da York University e autor de diversos estudos a esse respeito, “É natural que as pessoas queiram ser perfeitas em algumas coisas, por exemplo, no trabalho. Para ser um bom editor ou cirurgião é importante não cometer erros”, “Mas você começa a enxergar problemas reais quando isso se generaliza para outras áreas da vida, ou seja, a vida familiar, a aparência, os hobbies.”
O perfeccionista espera que todos ao redor sejam perfeitos e se incomoda quando não consegue aplicar aos outros suas regras de disciplina.  À primeira vista o perfeccionismo parece ser algo positivo, pois ele pode ser usado como uma força propulsora para o bem.  As pessoas de seu convívio, muitas vezes, não conhecem suas expectativas, o que gera tensão com familiares, amigos e colegas, além de um grande sentimento de raiva.
Em geral, o perfeccionista é detalhista, meticuloso e caprichoso em suas ações.
A sociedade normalmente valoriza alguns traços comuns ao perfeccionista, como, por exemplo, a responsabilidade, a pontualidade, o esmero e assim por diante. No passado, o perfeccionismo era até visto como um aspecto positivo e acreditava-se que ele contribuiria para o sucesso profissional das pessoas. Contudo, o problema do perfeccionismo vem à tona quando o seu possuidor não atinge o alvo proposto para si mesmo. Além do mais, a busca do resultado perfeito pode interferir negativamente nas realizações profissionais do perfeccionista, pois se gasta tanto tempo em revisões que a produtividade fica comprometida.
O universo pessoal do perfeccionista pode ser tomado por frustrações contínuas, o que o conduz a um estado de tristeza, culpa e até mesmo autodesprezo.
Há dois tipos de perfeccionistas. O primeiro é o introspectivo, ou seja, aquele que apresenta pouca auto-estima e confiança própria e para quem qualquer erro equivale à desaprovação dos outros. O segundo é o extrospectivo, ou seja, aquele que não apresenta baixa auto-estima, porém, não confia nas habilidades ou capacidades dos outros ao seu redor. Logo, este segundo tipo não consegue delegar e exige sistematicamente das outras pessoas a perfeição que requer de si mesmo.
A busca da perfeição é diferente de ser perfeccionista. Estar sempre buscando melhorar é muito bom, mas admitir que somos imperfeitos é sermos humildade, é saber que podemos errar.
O Sábio Rei Salomão disse “não sejais demasiadamente sábio; porque te destruirias a ti mesmo? Ecl7:16. Em psicologia a verdade, ou, o equilíbrio está no meio termo.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica