“A
principal coisa na vida é não ter medo de ser humano” ( Pablo
Casals)
O
psiquiatra argentino Hugo Marietán define a pessoa perfeccionista como aquela
que se esforça para melhorar o êxito de seu objetivo seguindo um padrão ideal.
São pessoas que tendem dar importância exagerada a tudo e nunca se sentem
satisfeitas. Ocupam-se mais do que necessário em pequenas tarefas e tendem a
ficar com a sensação de que poderiam ter feito ainda melhor.
Se
você for um perfeccionista, é provável que você tenha aprendido cedo na vida
que as pessoas sempre a avaliariam pelo quanto você realizaria ou conseguisse.
Em conseqüência disso, você pode ter aprendido a avaliar-se somente na base da
aprovação das outras pessoas. Assim sua auto-estima pode estar sendo baseada
primeiramente em padrões externos. Isto pode deixá-la vulnerável e
excessivamente sensível às opiniões e as criticas dos outros. Na tentativa
de proteger-se de tal criticismo, você pode decidir que ser perfeito é sua
única defesa.
O
perfeccionismo ao qual nos referimos é aquele que nos desgasta, levando-nos a
uma série de problemas em nível pessoal, conjugal, social, profissional, etc.
está relacionado a arrogância e ao medo de errar, ou seja, para o perfeccionista
tudo deve ser perfeito, ele não admite erro, mudanças. Geralmente, defende sua
posição analisando somente a dicotomia perfeição-displicência. É 8 ou 80. Sim ou
não. Para o perfeccionista não tem meio termo. É tudo ou nada. Não raro, está
mais preocupado em manter as aparências, em se mostrar superior. Nesta conotação
o perfeccionista jamais admitirá que sua verdadeira preocupação seja com a
opinião alheia, há um medo de que suas falhas sejam expostas, de que descubram
que ele é tão normal quanto qualquer ser humano. O
ideal é encontrar um equilíbrio.
Segundo
Gordon L. Flett, professor de psicologia da York University e autor de diversos
estudos a esse respeito, “É natural que as pessoas queiram ser perfeitas em
algumas coisas, por exemplo, no trabalho. Para ser um bom editor ou cirurgião é
importante não cometer erros”, “Mas você começa a enxergar problemas reais
quando isso se generaliza para outras áreas da vida, ou seja, a vida familiar, a
aparência, os hobbies.”
O
perfeccionista espera que todos ao redor sejam perfeitos e se incomoda quando
não consegue aplicar aos outros suas regras de disciplina. À primeira vista o
perfeccionismo parece ser algo positivo, pois ele pode ser usado como uma força
propulsora para o bem. As pessoas de seu convívio, muitas vezes, não conhecem
suas expectativas, o que gera tensão com familiares, amigos e colegas, além de
um grande sentimento de raiva.
Em
geral, o perfeccionista é detalhista, meticuloso e caprichoso em suas ações.
A
sociedade normalmente valoriza alguns traços comuns ao perfeccionista, como, por
exemplo, a responsabilidade, a pontualidade, o esmero e assim por diante. No
passado, o perfeccionismo era até visto como um aspecto positivo e acreditava-se
que ele contribuiria para o sucesso profissional das pessoas. Contudo, o
problema do perfeccionismo vem à tona quando o seu possuidor não atinge o alvo
proposto para si mesmo. Além do mais, a busca do resultado perfeito pode
interferir negativamente nas realizações profissionais do perfeccionista, pois
se gasta tanto tempo em revisões que a produtividade fica comprometida.
O
universo pessoal do perfeccionista pode ser tomado por frustrações contínuas, o
que o conduz a um estado de tristeza, culpa e até mesmo autodesprezo.
Há
dois tipos de perfeccionistas. O primeiro é o introspectivo, ou seja, aquele que apresenta pouca
auto-estima e confiança própria e para quem qualquer erro equivale à
desaprovação dos outros. O segundo é o extrospectivo,
ou seja, aquele que não apresenta baixa auto-estima, porém, não confia nas
habilidades ou capacidades dos outros ao seu redor. Logo, este segundo tipo não
consegue delegar e exige sistematicamente das outras pessoas a perfeição que
requer de si mesmo.
A
busca da perfeição é diferente de ser perfeccionista. Estar sempre buscando
melhorar é muito bom, mas admitir que somos imperfeitos é sermos humildade, é
saber que podemos errar.
O
Sábio Rei Salomão disse “não
sejais demasiadamente sábio; porque te destruirias a ti
mesmo? Ecl7:16. Em
psicologia a verdade, ou, o equilíbrio está no meio termo.
Profa
Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga
Clínica
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