TDA/H e
problemas conjugais
“Amor, você está me ouvindo?”
“Ah, o que foi que você disse? Desculpe estava
distraído...”.
Está instalada a discussão que
pode incluir acusações como “você nunca me escuta”, “nada do que eu falo é
importante para você”, “você não se importa comigo”, “você não me ama mais”.
Seu marido se esquece do seu
aniversário de casamento ou de lhe trazer a encomenda que você pediu do
supermercado, mesmo que você tenha ligado para lembrá-lo? Se isto é freqüente
no dia-a-dia é bom observar a causa deste esquecimento. Problemas com atenção
podem resultar em incompreensão e mal entendidos em muitos adultos com TDA/H
(Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade. A causa pode ser um simples
esquecimento, uma distração qualquer, cansaço, preocupação momentânea, estresse
ou até uma recusa, mas se essa condição for freqüente ou comum, seu cônjuge
pode ser um portador de TDA/H.
“Amor, esqueci de lhe contar, de
novo, deixei o Joãozinho me esperando na porta da escola”. “ah!... outra coisa,
amor... perdi meu celular no banheiro do shopping”.
“Você não tem jeito mesmo, qualquer
hora você vai perder a cabeça. E a minha camisa você buscou? Qual camisa?’’
Pronto, se instalou a confusão.
Você pediu para o seu marido
colocar o lixo na rua e ele se esqueceu porque no caminho distraiu e se lembrou
de dar ração para o cachorro.
Sua esposa é desligada, no mundo
da lua, esquece o feijão no fogo, da reunião na escola do filho, de pagar uma
conta que você lhe pediu, nunca sabe onde deixou a chave da porta, está sempre
distraída?
O Deficit de Atenção e Hiperatividade
caracteriza-se pela falta de perseverança nas atividades que exigem um
envolvimento cognitivo e por uma tendência a passar de uma atividade para
outra sem acabar nenhuma, associadas a uma atividade global
desorganizada, descoordenada e excessiva
Muitas vezes, os parceiros de
pessoas diagnosticadas com TDA/H percebe o seu cônjuge com dificuldades de
escutar e atender pedidos ou até com incapacidade de honrar compromissos e faz
a idéia de que seu parceiro seja displicente, indiferente, irresponsável, não
colaborador, folgado ou desinteressado.
Por outro lado, se você é o
cônjuge portador de TDA/H, você pode não entender por que o seu parceiro está
sentido ou chateado com você e achar que tudo não passa de incompreensão,
intolerância, implicância ou hostilidade.
Se em casamentos no qual nenhum
dos dois é portador de TDA/H a dificuldade de comunicação é um problema comum,
imagine quando o marido ou a esposa simplesmente não consegue prestar atenção
ao que o outro diz por muito tempo.
“Amor, você está me ouvindo?
“Ah, o que é? Desculpe estava distraído...”.
Quem não ficaria chateado se o
parceiro se esquecesse sempre dos compromissos, datas, aniversários e mesmo do
seu prato predileto?
No caso, do portador deste
Transtorno, não se trata de falta de interesse ou descaso, mas, sim, de uma
deficiência, com explicações biológicas.
Inúmeros estudos científicos já
demonstraram que o TDA/H sofre forte influência genética e está relacionado a
uma alteração de neurotransmissores em determinadas regiões cerebrais,
sobretudo daquelas responsáveis por funções executivas (Lóbolo
Frontal) responsável por atividades de planejamento, organização, manejo
do tempo, memória, capacidade de pensar antes de agir, controle das emoções,
etc. O objetivo fundamental das funções executivas é fazer com que o indivíduo
tome decisões acertadas tenha iniciativa, atitude e motivação para atingir os
objetivos planejados.
Se para os parceiros a
convivência com o portador de TDA/H é
desconfortável, para os portadores a situação também não é simples. Eles
fazem um esforço sobre-humano para vencerem suas limitações e freqüentemente se
sentem frustrados e deprimidos por não conseguirem corresponder às expectativas
do parceiro.
O adulto TDA/H carece de
compreensão e tratamento para adquirir recursos que o ajudem a se lembrar
das coisas. Pressão e critica agravam ainda mais suas dificuldades. Paciência e
flexibilidade são atitudes essenciais para quem é parceiro de um porador
de TDA/H.
Dra Edna Paciência
Vietta
Psicóloga
Clínica
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